Um olhar rápido sobre os Demonstrativos da
Petrobras mostra a imensa perda de valor da empresa que em dois anos atingiu 55
bilhões de reais.
Em 2014 a baixa margem ( Lucro Bruto) de
80.437 (23,9%) é indicativo que a contenção de preços ( ano de eleições )
prejudicou a margem operacional e teve grande impacto no resultado daquele
ano.
O circulante da empresa está razoável, mas
quando se avalia o endividamento da empresa no longo prazo o cenário é
horrível. Só de dívidas de longo
prazo a empresa tem quase o dobro do Patrimônio Líquido. Importante
ressaltar que grande parte do endividamento da empresa é em dólar, um dos motivos
pelo qual cresceu o valor da dívida com geração de elevada despesa de variação
cambial.
As despesas com desvalorização de ativos apontada em teste de Impairment que foram lançadas apenas no
quarto trimestre mostram uma prática questionada por analistas. O valor a cada
trimestre deveria conter uma provisão para essas perdas. A perda por trimestre tratada
de forma linear seria algo perto de 8 bilhões de reais. Ocorre que muitas vezes
a contabilidade adota práticas apoiadas por auditores e até suportadas por
normas contábeis, onde caso não haja possibilidade de fazer um cálculo objetivo
prefere-se estar exatamente errado do que aproximadamente correto.
Despesas de Vendas e Administrativas ficaram nos mesmos níveis de 2014.
Mas o balanço não faz referência a esses itens nas notas explicativas, que
apesar de terem mostrado evolução adequada de um ano para outro correspondem a
cerca de 27% da margem gerada em 2015.
Por outro lado, os gastos com extração e pesquisa e desenvolvimento
correspondem a 8,5 bilhões de reais, ou seja, menos de um terço das despesas
com vendas e administrativas. Esse valor representa uma diminuição de 1 bilhão
sobre ano anterior. O valor ainda corresponde a cerca de um terço das Despesas
de Vendas mais Despesas Administrativas.
Os sálarios pagos mais encargos, planos de saúde, plano de pensão e FGTS
somam quase 30 bilhões. É altamente
recomendável que a Petrobrás faça um plano de reestruturação visando enxugar os
custos da máquina administrativa e aumentar eficiência e eficácia nos processos.
Isso seria muito bem visto pelos investidores, mas muito mal por sindicatos e
funcionários, além de contribuir para recuperação de parte das perdas
ocorridas.
Os resultados incorporam provisões para contingências trabalhistas, fiscais
e cíveis de 5,5 bilhões. Mas existem potenciais contingências de risco possível
com valores astronômicos que não são provisionados por critério contábil. No
entanto, uma futura mudança na classificação dessas contingências de possível
para provável poderá implicar em
reconhecimento de perdas de até 162 bilhões de reais o que seria um catrastofe
que quase zeraria o Património Líquido da empresa.
Finalizando, e sem entrar em questões políticas desta ou de outra
gestão, é notório que a Petrobras carece de uma gestão técnica e profissional e
a utilização da empresa por políticos tem um efeito devastador. O resultado
está ai para todos verem.
Ariovaldo Silva. Mestre em Contabilidade, Professor Universitário e
Fundador da Alpha Premium Consultoria.
Fonte dos balanços: http://www.investidorpetrobras.com.br/pt/resultados-financeiros/holding
Fonte dos balanços: http://www.investidorpetrobras.com.br/pt/resultados-financeiros/holding
arilopes@alphapremiumconsultoria.com.br