Como as empresas globais, ou internacionais aplicam amplamente esse conceito, aolguns chegam a pensar que pequenas empresas, ONGs e entidades como escolas, comércio, etc, não podem aplicar essa técnica, mas o conceito é amplo e pode ser utilizado independentemente do tamanho.
Nas minhas aulas de Controladoria eu costumava usar como exemplo de unidades de negócio o caso de uma padaria. As padarias são excelentes lugares para visualizarmos as várias unidades estratégicas de negócio, e desta forma aplicarmos o conceito de Unidades de Negócio, que implica em medir receitas, custos e despesas e lucro de cada unidade estratégica.
Nas padarias podemos, por exemplo, identificar pelo menos 3 unidades distintas de negócios:
Unidade 1- Venda de Pães, Leite e Frios
Unidade 2- Vendas de Balcão / Lanches, Bebidas, etc.
Unidade 3- Confeitaria / Bolos, Doces, etc.
Após a apuração dos resultados, ainda que estimados das 3 unidades de negócio o Sr. Manoel decidiu incrementar a parte relativa aos lanches, e resolveu criar uma quarta unidade para a venda de sopas e acompanhamentos, que posteriormente passou a ser uma grande geradora de lucro e um dos negócios principais da padaria.
Separar receitas, custos, despesas, lucros e até investimentos é uma forma antiga de gerenciar empresas, mas que permanece atual e indispensável para a gestão estratégica dos negócios.
A combinação dessa técnica com outras como EVA e BSC outorgam às organizações ferramentas poderosas de gestão. Seja qual for o negócio não tenha dúvida a separação por Unidade Estratégica de Negócio é essencial.
Afinal de contas o que é uma unidade de negócio?
Em seu sentido mais amplo Unidade de Negócio e como ter pequenas empresas dentro de uma empresa maior. Assim, os reportes financeiros incluindo DRE e Balanços seriam preparados por unidades de negócio ou segmento. Algumas empresas preparam apenas o DRE por segmento, deixando apenas alguns dados do balanço identificados por unidade de negócio.
Também é comum termos Orçamentos e Revisões Orçamentárias ( Budgets e Forecasts ) preparados por unidade estratégica de vendas, além de outros instrumentos de gestão como Planos de Negócios, Planejamento Estratégico ,etc. Não raro encontramos empresas e vendem unidades de negócios ou fazem aquisições focadas em unidades de negócios específicas.
Ao segmentar a empresa e delegar responsabilidades por segmento poderá ser despertada uma concorrência saudável entre as unidades. Alguns grandes grupos cujas unidades de negócios são grandes por vezes até possuem a figura do Controller de Negócios, que é o profissional que irá cuidar dos aspectos gerenciais relacionados à unidade de negócio.
No entanto, alguns serviços ou processos não são segmentados e quando isso ocorrem temos a figura dos departamentos ou serviços compartilhados. Esses serviços compartilhados são áreas como contabilidade, departamento fiscal, recursos humanos, etc. No caso esse serviços são distribuídos entre segmentos com bases em critérios de alocações prédefinidos. Os critérios vão desde sistemas de rateios simples até sistemas mais complexos, como os custos baseados em atividades.
Vejam a parte 2 dessa postagem
Unidades de Negócio - Parte 2 <<< Clique
Contabilidade por Segmento - CPC22
As unidades de negócio que inicialmente eram apenas instrumento de contabilidade gerencial com o tempo passou a ser exigência contábil, e no Brasil com a reforma contábil que introduziu os CPCs passou a ser disciplinada pelo CPC22, cujo resumo transcrevo a seguir:
Sumário do Pronunciamento Técnico CPC 22
Informações por Segmento
Observação: Este Sumário, que não faz parte do
Pronunciamento, está sendo
apresentado apenas para identificação dos principais pontos
tratados, possibilitando uma
visão geral do assunto.
1. Este Pronunciamento Técnico aplica-se às demonstrações
contábeis separadas,
individuais ou consolidadas da entidade:
a. cujos instrumentos de dívida ou patrimonial sejam
negociados em mercado
de capitais (bolsa de valores nacional ou estrangeira ou
mercado de balcão,
incluindo mercados locais e regionais); ou
b. que tenha depositado, ou esteja em vias de depositar,
suas demonstrações
contábeis à Comissão de Valores Mobiliários ou a outra
organização
reguladora, com a finalidade de emitir qualquer categoria de
instrumento em
mercado de capitais.
2. O Pronunciamento especifica como a entidade deve divulgar
informações sobre seus
segmentos operacionais nas demonstrações contábeis anuais,
lembrando que o
Pronunciamento Técnico CPC 21 - Demonstração Intermediária
exige que a
entidade divulgue informações sobre seus segmentos
operacionais em
demonstrações intermediárias. Também define os requisitos
das respectivas
divulgações sobre produtos e serviços, áreas geográficas e
principais clientes.
3. Um segmento operacional é um componente da entidade:
(a) que desenvolve atividades de negócio das quais pode
obter receitas e
incorrer em despesas (incluindo receitas e despesas
relacionadas com
transações com outros componentes da mesma entidade);
(b) cujos resultados operacionais são regularmente revistos pelo
principal gestor
das operações da entidade para a tomada de decisões sobre
recursos a serem
alocados ao segmento e para a avaliação do seu desempenho; e
(c) para o qual haja informação financeira individualizada
disponível.
4. A entidade deve divulgar separadamente as informações
sobre cada segmento
operacional que tenha sido identificado ou que resulte da
agregação de dois ou mais
desses segmentos; e desde que supere os parâmetros mínimos
quantitativos
determinados.
5. Esses parâmetros mínimos quantitativos são basicamente
percentuais estabelecidos
relativos ao que significam: as receitas totais do segmento
em comparação à soma
de todas as receitas; o lucro ou prejuízo com relação ao
lucro de todos os segmentos
que evidenciarem lucro ou com relação ao prejuízo de todos
os segmentos que
evidenciarem prejuízo; e ativos com relação aos ativos
totais. Receita e despesa de
um segmento pode ser relativo a transação entre os
segmentos, conforme
estabelecido gerencialmente pela entidade.
6. O valor de cada item dos segmentos divulgados deve
corresponder ao valor relatado
ao principal gestor das operações para fins de tomada de
decisões sobre a alocação
de recursos ao segmento e de avaliação do seu desempenho. Os
ajustes e as
eliminações efetuados na elaboração das demonstrações
contábeis e as alocações de
receitas, despesas e ganhos ou perdas da entidade devem ser
incluídos na
determinação do lucro ou do prejuízo do segmento divulgado
somente se estiverem
incluídos no valor dos lucros ou dos prejuízos do segmento
utilizado pelo principal
gestor das operações. Da mesma forma, apenas os ativos e os
passivos que estão
incluídos no valor dos ativos e dos passivos dos segmentos
utilizados pelo principal
gestor das operações devem ser divulgados para esse
segmento.
7. A entidade deve apresentar para cada segmento divulgável
uma explicação das
mensurações do lucro ou do prejuízo e dos ativos e dos
passivos do segmento.
8. A entidade deve proporcionar conciliações das informações
dos segmentos com
relação aos seus totais para a entidade dos seguintes
elementos: receitas, lucro ou
prejuízo, ativos, passivos e quaisquer informações
evidenciadas dos segmentos
divulgáveis.
9. Informações geográficas também devem ser disponibilizadas
por país ou grupo de
países relativamente a receitas e ativos. Se forem
relevantes as informações por
região geográfica dentro do Brasil, e se essas informações
forem utilizadas
gerencialmente, as mesmas regras de evidenciação devem ser
observadas.
10. A entidade deve fornecer informações sobre o grau de
dependência de seus
principais clientes, sem obrigação de identificar os nomes
desses clientes.
Fonte: sumário CPC22
Ótima explicação ! exclareceu minhas dúvidas , obrigado.
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