Obtendo Qualidade no Fechamento do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

 


Para obter qualidade no fechamento do balanço patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), com ênfase no atendimento das normas contábeis e fiscais, é fundamental seguir um conjunto de práticas que garantam a precisão, transparência e conformidade das informações financeiras. A contabilidade, como ciência que evoluiu ao longo do tempo, tem sido moldada por pensadores e teóricos renomados, cujas contribuições são essenciais para a compreensão e aplicação de boas práticas no fechamento contábil.

Eldon S. Hendriksen, com sua ênfase na teoria contábil e nos princípios que orientam a elaboração de demonstrações financeiras, e Robert S. Kaplan, conhecido por sua abordagem inovadora em contabilidade gerencial e ferramentas como o Balanced Scorecard, trouxeram perspectivas valiosas que podem ser aplicadas no processo de fechamento para garantir não apenas conformidade, mas também utilidade estratégica das informações.

Principais passos para garantir qualidade no fechamento do balanço e DRE

1. Planejamento e definição de prazos

Estabeleça um calendário de fechamento com datas específicas para cada etapa do processo, respeitando os prazos legais, como o fechamento até o final de março para disponibilização dos balanços e até maio para entrega da Escrituração Contábil Digital (ECD). Esse planejamento deve ser detalhado, considerando períodos de alta demanda e possíveis imprevistos, para evitar atrasos que possam comprometer a conformidade fiscal e a confiança dos stakeholders. A visão de Hendriksen sobre a importância da consistência temporal nas demonstrações financeiras reforça a necessidade de um cronograma bem estruturado, que permita a comparabilidade dos dados ao longo do tempo.

2. Controles internos rigorosos

Implemente controles internos que assegurem a conciliação periódica das contas, análise detalhada dos lançamentos e segregação de funções para evitar erros e fraudes. Isso inclui a revisão e validação das informações antes do encerramento do período. A adoção de frameworks de controle interno, como o COSO (Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission), pode ser uma referência para fortalecer a governança contábil. Além disso, a perspectiva de teóricos como Anthony e Govindarajan, que destacam a importância do controle gerencial, pode ser aplicada para garantir que os processos contábeis sejam robustos e confiáveis.

3. Conciliação e ajustes contábeis

Realize a conciliação das contas contábeis com extratos bancários, notas fiscais e demais documentos, corrigindo divergências e realizando ajustes necessários, como provisões, depreciações e reclassificações, para refletir a realidade econômica da empresa. Esse processo é crucial para assegurar que as demonstrações financeiras representem fielmente a posição patrimonial e o desempenho econômico, conforme defendido por Hendriksen em sua obra "Accounting Theory", onde ele argumenta que a contabilidade deve ser um reflexo da substância econômica, e não apenas de formalidades legais.

4. Uso de tecnologia e automação

Adote sistemas de gestão e softwares contábeis que integrem dados de diferentes áreas, automatizem lançamentos e facilitem a geração das demonstrações financeiras, reduzindo erros manuais e aumentando a eficiência do processo. A transformação digital na contabilidade, alinhada às ideias de Kaplan sobre a integração de informações para a tomada de decisão estratégica, permite que os profissionais foquem em análises de alto valor, em vez de tarefas operacionais repetitivas. Ferramentas de ERP (Enterprise Resource Planning) e inteligência artificial podem, ainda, identificar padrões e inconsistências, elevando a qualidade do fechamento.

5. Elaboração conforme normas e legislação

Prepare o balanço patrimonial e a DRE seguindo a estrutura e critérios estabelecidos pela legislação vigente, como a Lei nº 6.404/76 (Lei das S/A) e os pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). A DRE deve discriminar receitas, custos, despesas e apresentar o resultado líquido do exercício de forma clara e ordenada. Aqui, é importante destacar a influência de teóricos como Yuji Ijiri, que enfatizou a necessidade de um sistema contábil baseado em regras claras e mensuração objetiva, garantindo que as demonstrações sejam úteis para usuários externos, como investidores e reguladores, e atendam aos padrões internacionais, como o IFRS (International Financial Reporting Standards).

6. Revisão e validação final

Realize uma revisão minuciosa das demonstrações para garantir que não haja inconsistências, dados faltantes ou erros, assegurando a confiabilidade das informações para usuários internos e externos, como investidores e órgãos reguladores. Essa etapa pode ser enriquecida com auditorias internas ou externas, que agregam credibilidade ao processo. A abordagem de Kaplan, que conecta informações financeiras a indicadores de desempenho, pode ser utilizada para validar se as demonstrações refletem não apenas números, mas também a saúde estratégica da organização.

7. Atendimento às obrigações fiscais

Garanta que o fechamento do balanço esteja adequado para a entrega da ECD e da Escrituração Contábil Fiscal (ECF), que dependem do balanço encerrado para apuração correta do IRPJ e CSLL, cumprindo as exigências da Receita Federal. A conformidade fiscal é um pilar essencial, e a visão de autores como Carl S. Warren, que abordam a interseção entre contabilidade financeira e tributária, pode orientar os profissionais a alinharem as demonstrações contábeis às demandas fiscais sem comprometer a integridade dos dados.

Conclusão

A qualidade no fechamento do balanço e da DRE depende de um processo estruturado, que envolve planejamento, controles internos eficazes, conciliações detalhadas, uso de tecnologia, cumprimento das normas contábeis e revisão rigorosa. Esse cuidado assegura a transparência, a confiabilidade e a conformidade das demonstrações financeiras, essenciais para a tomada de decisão e para o atendimento das exigências legais e normativas. Inspirando-se em gurus da contabilidade como Eldon S. Hendriksen, que defendeu a importância dos princípios teóricos para a consistência das informações, e Robert S. Kaplan, que trouxe luz à integração entre contabilidade e estratégia, os profissionais podem ir além da simples conformidade, transformando as demonstrações financeiras em ferramentas poderosas de gestão e comunicação com o mercado. Assim, o fechamento contábil não é apenas uma obrigação, mas uma oportunidade de demonstrar a saúde financeira e a governança da organização.

Fontes

  1. Lei nº 6.404/76 – Lei das Sociedades por Ações.
  2. Pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).
  3. Hendriksen, E. S. (1970). Accounting Theory. Richard D. Irwin, Inc.
  4. Kaplan, R. S., & Norton, D. P. (1996). The Balanced Scorecard: Translating Strategy into Action. Harvard Business Review Press.
  5. Ijiri, Y. (1975). Theory of Accounting Measurement. American Accounting Association.
  6. Instrução Normativa RFB nº 1.774/2017 – Escrituração Contábil Digital (ECD).
  7. Instrução Normativa RFB nº 1.420/2013 – Escrituração Contábil Fiscal (ECF).
  8. Warren, C. S., Reeve, J. M., & Duchac, J. (2017). Financial & Managerial Accounting. Cengage Learning.
  9. Anthony, R. N., & Govindarajan, V. (2007). Management Control Systems. McGraw-Hill Education.
  10. International Financial Reporting Standards (IFRS) – Normas Internacionais de Relatório Financeiro.

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