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terça-feira, 25 de junho de 2024

Fatores Críticos de Custo ocultos nos Sistemas Tradicionais de Custeio"

Introdução

Os sistemas tradicionais de custeio, muitas vezes, não conseguem capturar adequadamente os fatores que afetam profundamente os custos dos produtos. Esses fatores, que raramente são identificados nesses sistemas, podem ter um impacto significativo nos custos de produção e, consequentemente, na competitividade das empresas. Neste artigo, abordaremos alguns desses fatores e explicaremos como eles podem influenciar os custos dos produtos.

1. Desenho dos componentes:

O desenho dos componentes de um produto pode afetar significativamente os custos de produção. Componentes complexos ou de difícil fabricação podem exigir mais tempo de setup, maior desperdício de matéria-prima e maior esforço da mão de obra, aumentando os custos. Além disso, o desenho inadequado pode levar a problemas de qualidade, que também impactam os custos.

Conheci uma empresa onde os desenhos eram genéricos e serviam para peças de diferentes tamanhos. Antes das peças serem produzidas o desenho precisava ser interpretado e as medidas eram colocadas manualmente. Isso agregava grande complexidade e gerava custos ocultos. Desenhos individuais seriam facilmente obtidos principalmente em função dos softwares que facilitam muito o trabalho.

Já vi também desenho onde um furo redondo resolveria a necessidade, mas a engenharia colocou um furo oval que gerava necessidade de operação adicional de usinagem.

Muitas outras situações podem ser facilitadas por desenhos quando eles focam não apenas nas funções nos produtos, mas também nos custos envolvidos. Por isso, profissionais que analisam custos precisam ter algum conhecimentos técnico.

2. Rendimento dos insumos:

O rendimento dos insumos, ou seja, a quantidade de produto final obtida a partir de determinada quantidade de matéria-prima, pode variar consideravelmente. Fatores como a qualidade da matéria-prima, o processo de produção e a eficiência dos equipamentos podem afetar o rendimento. Uma baixa eficiência de rendimento pode resultar em maior consumo de matéria-prima e, consequentemente, maior custo de produção.

Já identifiquei casos onde materiais primas superdimensionadas acabavam gerando perdas e custos maiores não só com o material envolvidos, mas também com processamentos envolvendo tempos maiores que os que seriam necessários caso os materiais fossem bem dimensionados.

Já no caso de alguns tipos de empresa como as químicas, a qualidade da matéria prima e as condições dos equipamentos podem gerar perdas de rendimentos com altos custos adicionais envolvidos.

3. Capacidade ociosa:

A capacidade ociosa, ou seja, a diferença entre a capacidade instalada e a capacidade efetivamente utilizada, pode representar um custo significativo para a empresa. Essa capacidade ociosa é, muitas vezes, decorrente de problemas na programação da produção, gargalos no processo ou flutuações na demanda, ou até mesmo falta de pedidos. Os sistemas tradicionais de custeio nem sempre conseguem capturar adequadamente esses custos.

Adotar alternativas para ocupar as capacidades ociosas podem envolver lançamento de novos produtos ou até mesmo aluguel ou terceirização parcial do tempo ocioso.

Efetivamente reduzir ociosidade implica em otimizar os custos fixos envolvidos.

4. Qualidade e tipo da manutenção:

A qualidade e o tipo de manutenção realizada nos equipamentos de produção podem afetar significativamente os custos. Uma manutenção preventiva e de alta qualidade pode evitar paradas não programadas, reduzir o consumo de peças de reposição e aumentar a vida útil dos equipamentos, impactando positivamente os custos. Por outro lado, uma manutenção inadequada pode levar a perdas de produção, maior consumo de energia e insumos, e até mesmo a problemas de qualidade.

Programas de Manutenção Preventiva ( TPM), e até analise termográfica para identificar equipamentos que se encontram com aquecimentos podendo afetar performance ou paradas futuras para manutenção corretiva.

5. Custos da não qualidade:

Os custos da não qualidade, como retrabalho, refugo, reclamações de clientes e devoluções, são muitas vezes negligenciados pelos sistemas tradicionais de custeio. Esses custos podem representar uma parcela significativa dos custos totais de produção e devem ser levados em consideração na gestão de custos.

A nossa literatura trata os custos da não qualidade como Custos da Qualidade <<< Clique para saber mais 

6. Lead time das compras:

O lead time das compras, ou seja, o tempo entre o momento em que um pedido de compra é feito e o momento em que a matéria-prima é recebida, pode impactar os custos de produção. Um lead time longo pode levar a um maior nível de estoque de segurança, resultando em custos de armazenagem e capital de giro mais elevados.

Quanto maior o lead time envolvido maiores deverão ser os estoques para fazer face às necessidades. Trabalhar parar ter menores lead times também significa trabalhar para reduzir custos. Fornecedores com qualidade assegurada e auditoria e avaliação dos fornecedores poderão contribuir.

7. Setup:

O tempo e o custo do setup, ou seja, a preparação dos equipamentos para uma nova produção, podem variar significativamente entre diferentes processos e produtos. Sistemas tradicionais de custeio nem sempre conseguem capturar adequadamente esses custos, que podem ser reduzidos por meio de técnicas como troca rápida de ferramentas (SMED).

8. Ferramental de produção:

O investimento em ferramental de produção, como moldes, matrizes e dispositivos de fixação, pode representar um custo significativo, mas também pode contribuir para a eficiência do processo e a qualidade do produto final. Sistemas tradicionais de custeio nem sempre conseguem atribuir esses custos de maneira adequada.

9. Treinamento dos operadores:

   O nível de treinamento e qualificação dos operadores pode afetar diretamente a produtividade, a qualidade e os custos de produção. Operadores bem treinados tendem a ter um melhor desempenho, menor índice de erros e mais agilidade no processo, impactando positivamente os custos. No entanto, os sistemas tradicionais de custeio nem sempre conseguem capturar adequadamente os benefícios do investimento em treinamento.

10. OEE (Eficiência Global dos Equipamentos):

    A Eficiência Global dos Equipamentos (OEE) é um indicador que mede a eficiência geral dos equipamentos de produção, levando em conta a disponibilidade, o desempenho e a qualidade. Um OEE baixo pode indicar problemas de manutenção, setup, qualidade ou eficiência dos processos, que acabam por aumentar os custos. Os sistemas tradicionais de custeio nem sempre conseguem relacionar o OEE com os custos de produção.

11. Qualidade da matéria-prima:

    A qualidade da matéria-prima utilizada na produção pode ter um impacto significativo nos custos. Uma matéria-prima de baixa qualidade pode levar a um maior índice de refugo, retrabalho e problemas de qualidade, aumentando os custos de produção. Os sistemas tradicionais de custeio nem sempre conseguem capturar esses custos de maneira adequada.

Conclusão

Como visto, a maioria dos fatores apresentados neste artigo, como desenho dos componentes, rendimento dos insumos, capacidade ociosa, qualidade e tipo da manutenção, custos da não qualidade, lead time das compras, setup, ferramental de produção, treinamento dos operadores, OEE e qualidade da matéria-prima, não passam nem perto dos sistemas tradicionais de custeio. Esses fatores têm um impacto profundo nos custos de produção, mas raramente são devidamente considerados nesses sistemas. 

Para uma gestão eficaz de custos, é fundamental que as empresas adotem abordagens de custeio mais avançadas, capazes de capturar e analisar esses fatores críticos. Somente assim, poderão tomar decisões informadas e implementar melhorias que impactem de maneira significativa a competitividade de seus produtos.


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