Boas práticas em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e suas implicações
contábeis, financeiras e governamentais
Resumo: Este
artigo discute as boas práticas em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D),
abordando as regras contábeis para contabilização dos gastos com projetos de
P&D, incluindo os gastos com protótipos e a amortização desses
investimentos em tecnologia. Além disso, analisa as verbas destinadas à P&D
presentes nos budgets das grandes empresas e identifica os setores que mais
investem em P&D. Por fim, explora as políticas governamentais para
incentivar a P&D nas empresas, destacando suas implicações e benefícios.
- Introdução A Pesquisa e Desenvolvimento desempenha um papel
fundamental na inovação e no crescimento das empresas, impulsionando a
economia global. No entanto, é essencial estabelecer boas práticas para
gerenciar os investimentos em P&D e garantir que eles sejam
devidamente contabilizados e financiados.
- Regras contábeis para contabilização dos gastos com projetos de
P&D A contabilização dos gastos com P&D é regida pelos princípios
contábeis geralmente aceitos, como o International Financial Reporting
Standards (IFRS). Os gastos com P&D são classificados como despesas e
são reconhecidos no resultado do período em que ocorrem. Isso ocorre
porque os resultados da pesquisa são incertos, tornando-os inadequados
para ativos intangíveis.
No entanto,
os gastos com protótipos, quando atendem a critérios específicos de
reconhecimento de ativos intangíveis, podem ser ativados e amortizados ao longo
de sua vida útil. A decisão de capitalizar um protótipo depende da
probabilidade de que ele gerará benefícios econômicos futuros e de sua
capacidade de uso ou venda.
Referência: International Accounting Standards Board (IASB). (2019). IAS 38 - Intangible Assets.
- Verbas de P&D nos budgets das grandes empresas As grandes
empresas geralmente alocam uma parcela significativa de seus budgets para
atividades de P&D. Essas organizações compreendem a importância de
investir em inovação para se manterem competitivas e impulsionarem o
crescimento a longo prazo. Embora a proporção de verbas destinadas à P&D
possa variar de acordo com o setor e a estratégia da empresa, estima-se
que grandes corporações destinem, em média, entre 5% e 15% de seu
faturamento para P&D.
Referência: Deloitte. (2022). Innovation by the numbers: R&D
spending trends.
- Setores que mais investem em P&D Diferentes setores da economia
têm prioridades e necessidades distintas em termos de investimento em
P&D. No entanto, alguns setores são conhecidos por investirem
significativamente mais nessa área. Entre eles estão:
a)
Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC): Empresas de software, hardware,
telecomunicações e internet investem em pesquisa e desenvolvimento para
impulsionar a inovação e aprimorar seus produtos e serviços.
b)
Farmacêutico e Biotecnologia:
- Setores que mais investem em P&D (continuação)
b)
Farmacêutico e Biotecnologia: Empresas nesses setores têm um histórico de
investimento substancial em P&D devido à natureza altamente regulamentada e
intensiva em ciência de suas operações. Essas empresas estão constantemente
buscando avanços em medicamentos e terapias para melhorar a saúde e o bem-estar
da população.
c)
Automotivo: O setor automotivo investe pesadamente em P&D para impulsionar
a inovação em termos de veículos elétricos, condução autônoma, eficiência
energética e segurança. As montadoras e fabricantes de autopeças buscam
constantemente desenvolver tecnologias avançadas para atender às demandas do
mercado e às regulamentações ambientais.
d) Energia
e Sustentabilidade: Com a crescente necessidade de transição para fontes de
energia limpa e sustentável, o setor energético tem investido consideravelmente
em P&D. Empresas de energia renovável, como solar, eólica e biomassa, estão
focadas no desenvolvimento de tecnologias mais eficientes e acessíveis.
Referência:
Ernst & Young. (2020). Global Capital Confidence Barometer - Rethink,
Reconfigure, Restart.
- Políticas governamentais para incentivo à P&D nas empresas Os
governos têm reconhecido a importância da P&D para a inovação e o
desenvolvimento econômico. Para incentivar as empresas a investirem em
P&D, muitos países implementaram políticas e programas específicos.
Alguns exemplos incluem:
a)
Incentivos fiscais: Governos oferecem benefícios fiscais, como créditos
tributários, isenções ou reduções de impostos, para empresas que realizam
atividades de P&D. Esses incentivos reduzem os custos líquidos das empresas
e estimulam o investimento em inovação.
b)
Subsídios e financiamento: Programas governamentais fornecem subsídios e
financiamento direto para projetos de P&D, especialmente em setores estratégicos.
Esses recursos ajudam as empresas a cobrir os custos de pesquisa e
desenvolvimento, incentivando a busca por avanços tecnológicos.
c)
Parcerias público-privadas: Governos promovem parcerias entre empresas e
instituições públicas de pesquisa, universidades e centros tecnológicos. Essas
colaborações estimulam a transferência de conhecimento e a cooperação entre
setores público e privado, impulsionando a inovação.
Referência: OECD. (2021). Science, Technology and Innovation Outlook
2021.
Conclusão:
A adoção de boas práticas em P&D é crucial para maximizar o potencial de
inovação e crescimento das empresas. Ao seguir as regras contábeis adequadas
para contabilizar os gastos com projetos de P&D, as empresas garantem uma
visão precisa dos investimentos realizados. Além disso, a alocação adequada de
verbas de
P&D nos budgets das grandes empresas é fundamental para promover a
inovação e impulsionar a competitividade a longo prazo. Setores como Tecnologia
da Informação e Comunicação, Farmacêutico e Biotecnologia, Automotivo e Energia
e Sustentabilidade têm sido reconhecidos historicamente por investirem
significativamente em P&D.
No entanto,
as empresas não estão sozinhas nesse esforço. Os governos desempenham um papel
importante na promoção da P&D, através de políticas e programas de
incentivo. Essas políticas visam estimular as empresas a investirem em
inovação, impulsionando o crescimento econômico e o desenvolvimento
tecnológico.
Uma das principais
formas de incentivo é por meio de benefícios fiscais. Os governos oferecem
incentivos fiscais, como créditos tributários e isenções, para reduzir os
custos líquidos das empresas que realizam atividades de P&D. Esses
incentivos permitem que as empresas deduzam uma porcentagem dos gastos em
P&D de seus impostos, tornando o investimento mais atraente.
Além dos
incentivos fiscais, os governos também disponibilizam subsídios e
financiamentos diretos para projetos de P&D. Esses recursos financeiros auxiliam
as empresas na cobertura dos custos de pesquisa e desenvolvimento, viabilizando
a realização de projetos inovadores. Os subsídios podem ser concedidos de forma
competitiva, com base na avaliação da qualidade e relevância dos projetos
propostos.
Outra
abordagem governamental é a promoção de parcerias público-privadas. Os governos
incentivam a colaboração entre empresas e instituições de pesquisa, como
universidades e centros tecnológicos. Essas parcerias permitem o
compartilhamento de conhecimentos, recursos e infraestrutura, acelerando o
progresso científico e tecnológico.
Um exemplo
de política governamental voltada para a P&D é o programa de incentivos
fiscais para pesquisa e desenvolvimento no Brasil, conhecido como Lei do Bem.
Essa legislação oferece benefícios fiscais, como a possibilidade de dedução ou
crédito de impostos sobre os gastos em P&D, incentivando as empresas a
investirem nessa área estratégica.
Referências:
- The World Bank.
(2018). R&D tax incentives: International practices and evidence for
their effectiveness.
- Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. (2021). Lei do Bem.
- OECD. (2021).
Science, Technology and Innovation Outlook 2021.
Em resumo,
boas práticas em P&D incluem a correta contabilização dos gastos, a
alocação adequada de recursos financeiros, o foco em setores estratégicos e a
utilização de políticas governamentais de incentivo. Ao seguir essas práticas,
as empresas podem fortalecer sua capacidade inovadora, impulsionar seu
crescimento e contribuir para o avanço tecnológico e econômico de suas
respectivas indústrias e países.
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