Custos Baseados em
Atividades ( ABC )
É uma tradução de Activity Based Costing, termo foi originalmente criado em Inglês
por Robert Kaplan O ABC é a solução adequada para resolver os problemas de
custeio resultantes do emprego dos sistemas correntes em novos ambientes de
trabalho; é uma técnica de custeamento em que os custos e despesas indiretos
são apropriados às várias unidades, através de algumas bases que nem sempre
estão relacionadas aos volumes dos fatores de produção.
Para o melhor entendimento do ABC necessário se faz
o estudo de alguns conceitos:
O que é uma atividade
Nakagawa ( 1995:43), define atividade como:
“ ...Um processo que combina, de forma adequada, pessoas,
tecnologias, materiais, métodos, e seu ambiente, tendo como objetivo a produção de
produtos. Em sentido mais amplo, entretanto, a atividade não se refere
apenas a processos de manufatura, mas também à produção de projetos,serviços,etc...,bem
como inúmeras ações de suporte a esses processos”
Recursos
Recursos são elementos necessários para a
execução das atividades. Para se emitir uma nota fiscal, necessitam-se de
diversos recursos, necessita-se de mão de obra, de um sistema informatizado, de
instalações, etc... normalmente os diversos recursos estão associados às contas
contábeis pré-existentes nos sistemas contábeis.
Direcionadores de Custos ( Cost Drivers)
Cost Driver segundo Nagagawa ( 1995:74 ) é um evento ou fator causal
que que efetua o nível de desempenho de atividades o consumo resultante de
recursos. Como exemplos de cost drivers
podemos ter:
¨
Número de ordens de vendas
¨
Número de ordens de produção
¨
Numero de Notas Fiscais
¨
Número de Funcionários
¨
Área ocupada em metros quadrados
¨
Número de produtos
Os rateios departamentais podem em muito ser
melhorados ao se utilizarem direcionadores de custos apropriados. Nos sistemas
tradicionais é comum efetuar-se a distribuição de custos de um determinado
departamento com base em direcionador único, muitas vezes um percentual
estimado de forma arbitrária. Sob a abordagem dos direcionadores de custos, um
departamento pode ser distribuído entre diversas atividades, como base
direcionadores múltiplos.
Abordagem de processos
A abordagem de processos vê a empresa
como um organismo em atividade, alguns processos envolvem diversos
departamentos, diversas atividades, enfim a abordagem de processos considera a
empresa inserida numa cadeia de valores que considera desde os fornecedores de
seus fornecedores até os clientes de seus clientes. Além disso a empresa
interage com outros agentes, como sócios, governo, comunidade, etc....
Nesse contexto os processos são multi-departamentais, incluindo muitas
vezes não somente o ambiente interno como também o externo. Como exemplo temos
os processos produtivos, processos administrativos, processo de logística,
etc...
Para os processos ocorrerem são normalmente
necessárias diversas atividades. O ABC possibilita uma visão ampla dos
processos ao compô-los por atividades,
já as atividades são decompostas por recursos. Tal abordagem permite uma visão detalhada e
conseqüente análise que possibilite a otimização dos processos. Assim os
processos podem ser recriados, as atividades podem ser analisadas, recriadas,
terceirizadas e até mesmo eliminadas. Os recursos podem ser redimensionados ou
até eliminados. Nesse contexto atividades e recursos devem classificados entre
aqueles que agregam ou não agregam valor para a empresa, aqueles que não
agregam, uma vez eliminados, poderão até mesmo ser eliminados
Vejam também
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Outras considerações sobre o ABC
Nas décadas de 50 ou 60 as empresas faziam uso
de mão obra intensiva, naquele contexto ênfase era dado para as alocações dos
custos indiretos quase que exclusivamente com relação às horas produtivas
trabalhadas. Assim os custos indiretos eram acumulados em departamentos e a
seguir eram distribuídos aos centros produtivos com relação a alguma base de
rateio, que sendo menos ou mais sofisticadas, sempre assumiam uma considerável
dose de arbitrariedade.
A partir do final da década de setenta,
acentuando-se nos anos oitenta, as empresas deixam de utilizar intensivamente a
mão obra direta e passa a utilizar intensivamente tecnologias avançadas
expressas na forma de robotização, sistemas de produção totalmente monitorados
por computador e outros recursos tecnologicamente avançados.
Sob esse cenário, o custeio baseado em
atividades nasceu em função da obsolescência do sistema de custeio tradicional,
o qual em um sistema avançado de manufatura e controle não mais atendia às
necessidades.
Comparado com os critérios correntes, o ABC
representa uma apropriação mais direta. O custeamento corrente considera como
custos e despesas diretas dos produtos fabricados apenas os materiais diretos e
a mão-de-obra direta. Em troca, o ABC reconhece como diretos custos e despesas
antes tratados como indiretos, não em relação aos produtos fabricados, mas às
muitas atividades necessárias para fabricar os produtos.
No método de custeio baseado em atividades, ou
ABC, assume-se, como pressuposto, que os recursos de uma empresa são consumidos
por suas atividades e não pelos produtos que ela fabrica. Os produtos surgem
como conseqüência das atividades consideradas estritamente necessárias para
fabricá-los e/ou comercializá-los, e como forma de se entender às necessidades,
expectativas e anseios de clientes.
Assim surgiu o custeio baseado em atividades
(ABC), por intermédio do qual são detalhados todos os custos por atividades. Os
sistemas de custos tradicionais que privilegiavam a mão-de-obra como base para
alocação dos custos indiretos, passaram a gerar grandes distorções nos custos
dos produtos, além de não contribuírem para a análise e entendimento da
composição dos custos.
Deve-se complementar que o ABC vem ao encontro
das necessidades de gerenciamento dos custos de manutenção, na medida em que
mostra os custos por atividades e identifica os respectivos direcionadores de
custos.
A finalidade do ABC é apropriar os custos dos
recursos consumidos às atividades executadas pela empresa e, então, apropriar
de forma adequada aos produtos atividades segundo o uso que cada produto faz
das mesmas.
DRUCKER efetua a seguinte avaliação dos custos
baseados em atividades:
“A contabilidade de custos tradicional mede quanto custa
fazer alguma coisa, por exemplo, tornear a rosca de um parafuso. O custeio
baseado em atividades também registra o custo de não fazer, como o custo da
máquina parada, da espera por uma parte ou ferramenta, de
estoques esperando embarque e do retrabalho;ou rejeição de uma peça defeituosa.
Os custos de não fazer, que a contabilidade de custos tradicional não pode
registrar, com freqüência igualam e em alguns casos excedem os custos do fazer.
Portanto o custeio baseado em atividades não só nos dá um controle de custos
muito melhor, mas também o controle de resultados” (DRUCKER; 1999:101).
Usando esta abordagem, pode-se dizer o custeio
baseado em atividades possa contribuir de forma substancial para a redução dos
os custos de fabricação.
KAPLAN & COOPER (1997:3) ressaltam que os
custos baseados em atividades permitem que os custos indiretos e de suporte
sejam direcionados, em primeiro lugar, para atividades e serviços, e depois
para os produtos, serviços ou clientes, isto é, este sistema dá aos gerentes
uma clara visão da composição de custos de suas operações.
Segundo O’GUIN (1991:31), o sistema de custos
ABC foi desenvolvido para entender e controlar os custos indiretos. Na medida
em os custos indiretos são detalhados por atividade, e cada portador de custos,
clientes, centro de serviço ou produto, recebe a parcela que lhe corresponde;
os custos de atividades identificadas no ABC passam a ser alocadas aos
portadores de custos, que são as atividades, de acordo com os recursos que eles
consumirem.
A seguir serão apresentados os passos
principais a serem observados no processo de elaboração do custeio através do
ABC:
·
Identificação dos recursos, como por exemplo, de recursos
relativos: salários e encargos, gastos com viagens e estadias, mão-de-obra de
terceiros, depreciações, materiais auxiliares, etc.
·
Identificação dos processos e atividades que fazem parte
desse processo, tais como: processo de produção, processo de garantia da
qualidade, processo de compras de materiais produtivos. Um processo pode ser
formado por diversas atividades.
·
Distribuição de custos dos recursos às atividades,
mediante rigorosa análise que identificará onde os recursos serão consumidos.
No caso de recursos de mão-de-obra deve-se avaliar a distribuição do tempo de
cada funcionário em função da dedicação do mesmo às diversas atividades; em
muitos casos é necessário um controle diário das horas trabalhadas por
atividade.
É oportuno dizer que, uma vez distribuídos os
recursos às atividades, as mesmas são direcionadas aos produtos ou clientes de
acordo com direcionadores de custos, que substituem as antigas bases de rateio.
Neste sentido, os direcionadores de custos deverão captar dentro da melhor
lógica o quanto cada atividade é consumida pelos produtos ou clientes.
Uma atividade que implique em custo de
estocagem, poderá ser distribuída entre os produtos que usufruam dessa
estocagem, com base na área cúbica ocupada pelos produtos Já uma atividade
voltada para a preparação de material deverá ser absorvida apenas pelos
produtos que se utilizem dessa atividade. Assim os produtos e clientes estarão
absorvendo os custos que realmente lhes competem.
Outra característica do ABC é que os custos
dos produtos/clientes poderão ser decompostos em atividades e recursos,
permitindo uma completa rastreabilidade com relação às respectivas composições
de custos.
Uma importante análise decorrente
do ABC é a avaliação minuciosa de cada atividade, identificando as que agregam
e as que não agregam valor aos produtos, propiciando a redução dos custos de
certas atividades ou, até mesmo, eliminação.
A analise das atividades, muitas
vezes conduz a uma revisão completa dos processos implicando e profundas
mudanças com consequentes reduções de custos.
Ariovaldo Silva
contato: arilopes@folha.com.br
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NAKAGAWA, Massayuri. ABC – custeio baseado em atividades. São Paulo: Atlas, 1995.
DRUCKER, Peter. Administrando
em tempos de grandes mudanças. São Paulo: Pioneira, 1999.
KAPLAN, Robert &
COOPER, Robin. Cost & effect. Boston: Harvard Business School
Press, 1997.
O’GUIN, Michael C. The
complete guide to activity-based costing. New Jersey:
Prentice-Hall, Inc., 1991.
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